terça-feira, 23 de outubro de 2007

Sob a recomendação do Sereníssimo Grão-Mestre da GLUSA (Grande Loja Unida Sul-Americana), Weber Varrasquim, li este excelente livro de John J. Robinson, um pesquisador declaradamente “não Maçom nem Católico Romano” que elaborou uma das melhores Obras especulativas sobre as origens da Maçonaria jamais escritas.
Inicialmente, agradece entusiasticamente a atenção e prestimosidade de todos os bibliotecários e livreiros (Maçons e não Maçons) nos locais em que pesquisou em três países: EUA, Inglaterra e França. Partindo da premissa aceita quase universalmente de que a Maçonaria teria sua origem nas guildas de pedreiros medievais fica genuinamente frustrado – e percebe genuína frustração – ao encontrar, nas referências às guildas de pedreiros em todas as bibliotecas maçônicas e não maçônicas em que pesquisou, informações detalhadas dando conta de que são sempre circunscritas a determinados locais, sempre competitivas umas com as outras e muito raramente cooperativas e, finalmente, sempre abençoadas pela Igreja Católica Romana.
Não encontrou, em sua longa e acurada pesquisa, qualquer referência que pudesse justificar os segredos e a necessidade (ou explicação plausível) para palavras, toques e sinais ou juramentos e auto-proteção nas guildas de pedreiros medievais.
Chama a atenção para uma série de coisas, a começar pela recorrência mundial de sociedades secretas que se disfarçam em coisas diferentes daquelas que sejam motivação final. Exemplificando, cita uma organização secreta de militares japoneses (a Shindo Rommei) que, durante a Segunda Grande Guerra, se infiltrarou na Amazônia com vistas a detalhar os melhores meios de explorar os recursos naturais do local quando da esperada vitória nipônica. Disfarçaram-se como pescadores e todos os seus códigos giravam em torno de termos ligados à pesca.
Especula: se os Maçons se disfarçaram nas guildas de pedreiros medievais qual seria sua verdadeira origem? E quais os motivos e significados de tantos segredos, sinais, palavras, símbolos, etc.?

A Rebelião Britânica de 1381

Como todo o pesquisador sério, busca todos os indícios plausíveis. Localiza na história uma rebelião que sacudiu a Grã Bretanha em 1381 e é usualmente narrada como uma “inexplicável rebelião camponesa”. Tal rebelião, antes de ser violentamente sufocada, prestava solidariedade e apoio ao Rei mas reivindicava – de maneira bem explicada – que o Rei se acautelasse contra os maus conselheiros franceses que o assessoravam e tinha como mira algumas propriedades e autoridades ligadas aos Cavaleiros Hospitalários.
Subitamente e em vários pontos bastante distantes da Inglaterra, espocou a rebelião que imediatamente reconheceu como líder um homem até então absolutamente desconhecido e que tinha ou adotou o nome de Wat Tyler (a palavra “Tyler” em inglês significa “telhador” ou “fabricante de telhados e telhamento”). A curiosidade de Robinson, que conquistou muitos amigos Maçons e tem – como qualquer pessoa – livre acesso a uma série de informações ao alcance de uns poucos cliques do mouse ou a freqüência a qualquer boa biblioteca ou livraria, foi crescendo naturalmente.
Os Templários eram rivais históricos dos Hospitalários, ambas as Ordens tinham Regras complexas elaboradas (a pedido) por Bernardo de Clairvaux, regras que eram, durante a Idade Média, mantidas secretas. Hoje se sabe que os Templários faziam votos de castidade (que, segundo Robinson, era assegurada pelo uso permanente de uma ceroula confeccionada em pele de cordeiro e a proibição de tomar banhos ou da visualização da nudez, própria ou de outrem), voto de pobreza e de auxílio mútuo. Revela o Autor ainda que usavam luvas brancas a fim de preservar as mãos limpas para quando fossem “tocar Deus” – através dos sacramentos – e que, antes de se fecharem em suas reuniões, por exemplo, na antiga construção do que restava do Templo Salomão, onde mantiveram sua sede durante bom tempo das Cruzadas, um dos Irmãos – era assim que aqueles monges guerreiros se tratavam, tal como ocorre em outras Regras religiosas – se postava do lado de fora do local de reunião com a espada em riste para garantir a segurança do encontro contra eventuais ataques dos inimigos ao redor.

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