terça-feira, 23 de outubro de 2007

Antigas Obrigações da Maçonaria

Na noite de 24 de junho de 1717 as quatro maiores Lojas Maçônicas da Inglaterra uniram-se e decidiram-se a declarar pública a sua existência e hoje a Maçonaria é uma organização civil registrada em cartórios e perfeitamente legalizada na maior parte dos países do mundo. A única exceção que me ocorre, citada inclusive no livro, é o Irã. Observando algumas das “Antigas Obrigações Maçônicas”, muito mais antigas que os famosos Landmarks de Mackey, compreenderemos os motivos. Não vou enumerar todas que estão, como os Landmarks, ao alcance de qualquer pesquisador disposto dar uns cliques com o mouse ou a ir a uma boa biblioteca pública ou livraria. Apenas ressalto, em minhas próprias palavras e como as compreendo, 7 das muitas Obrigações citadas no livro:

_ Só são admitidos à Maçonaria os homens que acreditam num Ser Supremo e na imortalidade da alma.
_ Nenhum Maçom deve revelar segredos de um Irmão que possam privá-lo de sua vida e propriedade.
_ O Estado deve ser laico. – penso que aqui esteja a grande divergência do Irã e de qualquer Nação em que a aliança entre a Igreja e o Estado seja constitucional ou o que o valha. Ressalto ainda não existir proibição a que um iraniano (ou ser humano de qualquer nacionalidade ou credo) ingresse na Maçonaria.
_ Um Irmão viajante em visita deve receber auxílio material imediato, emprego por dois meses e se indicará a próxima Loja para onde irá. – Segundo Robinson este é um claro indicativo de uma Ordem de Cavaleiros perseguidos potencialmente em grande perigo, jamais se encontrou referência a qualquer coisa remotamente parecida com esta recomendação nas guildas de pedreiros medievais.
_ O Maçom jamais manterá qualquer tipo de contato sexual ilícito com a mulher, a mãe, a filha ou a irmã de outro homem. (Uma forma universal de cavalheirismo particularmente importante numa situação estressante como a de homens em fuga...)
_ O Maçom deve manter um elevado padrão de dignidade, honradez e moralidade. – Neste ponto Robinson pára e medita: seria esta época permissiva, de moralidade difusa e fobia a qualquer forma de comprometimento um empecilho para um maior desenvolvimento da Maçonaria? Não seria mais sensato à sociedade permissiva em que vivemos trazer de volta aqueles valores à sua prática ao invés de olhar para a Maçonaria com desdém ou desconfiança?
_ É interditado fazer proselitismo de qualquer religião em detrimento de outra numa Loja aberta. – o meu parêntese aqui ressalta uma curiosidade: a Maçonaria não discrimina religião alguma, mas é frequentemente discriminada pela maioria, mais por desconhecimento ou por se manterem com conhecimentos parciais e equivocados.

A única associação verdadeiramente monoteísta do mundo

Se pensarmos bem, esta assertiva, embora subversiva, está corretíssima. Seja como for, a maior parte das religiões (cristãs, muçulmanas, judaicas, etc.) além de um Ser Supremo criador e pai de todos (Deus, Alah, Yavé...), acredita ainda em seu oposto, um tentador ou uma espécie de “anti-deus”. Esta tese tiraria de todas as formas de cristianismo, judaísmo e islamismo a possibilidade de preservar o epíteto de “monoteísta” pois vê uma certa divindade do mal.
De fato, eu mesmo já assisti a algumas palestras cristãs em que o pregador parece efetivamente mais preocupado com a existência do Mal do que com a infinitude, a bondade ou o poder do Deus “único” em que afirma acreditar. Numa única palestra o nome correspondente à entidade suprema do Mal segundo se lhe apresenta é frequentemente repetido mais vezes que o nome de Deus ou, no caso cristão, de seu Filho ou Encarnação Humana.
Na Maçonaria não há a menor referência nesta direção – isto também a diferencia das religiões, que a Maçonaria definitivamente não é uma religião. O erro, segundo a filosofia maçônica, é fruto de falhas morais derivadas de má utilização do livre arbítrio que nos foi dado pelo Criador. O erro jamais é fruto do “incentivo” ou “tentação” de alguma forma de entidade supra-humana na qual não crêem. O Maçom, vale repetir, acredita em um único Ser Supremo e ponto final.


Os Segredos Perdidos

Aponto apenas a direção de 7, dentre os muitos arrolados no livro, como um incentivo a que mais pessoas, sejam Maçons ou tenham pela Maçonaria alguma forma de afinidade, efetivamente o leiam, que este é um livro francamente favorável à Maçonaria, sem perder a lucidez, a objetividade e a imparcialidade.
Qual o significado dos juramentos maçônicos?
Qual o significado da Iniciação?
Qual o significado do avental? Qual a sua origem?
Aquele pavimento quadriculado, como se chama, qual a sua origem e o que significa?
Qual a origem de uma série de símbolos e desenhos que vemos nas Lojas quando elas se abrem ao público?
Quais as origens e como se refutam algumas das calúnias que, por vezes, se levantam contra a Maçonaria?
Qual o significado do Esquadro e do Compasso com a letra “G” inscrita nele?
Apenas a esta última pergunta aponto a resposta sugerida pelo Autor, que os Maçons imediatamente compreenderão simplesmente observando este desenho.


A Bula Papal Humanum Genus
Robinson optou por incluir a mais vigorosa condenação papal à Maçonaria em apêndice no livro. Escrita no contexto das grandes revoluções burguesas da Europa do século XIX, revoluções que suprimiram todas as terras da Igreja e criaram Estados Laicos em toda a Europa e estes se espalhavam por todo o mundo, Leão XIII a escreveu sob grande estresse, sendo promulgada em 1884. São apenas 15 páginas que condenam vigorosamente não apenas a Maçonaria, mas toda e qualquer associação ou organização de seres humanos alheia à Igreja Católica Romana (Protestantes, Judeus, Muçulmanos, Espíritas, Budistas, Positivistas, Socialistas, etc, etc, etc.) Fora da Igreja Católica Romana Leão XIII, o primeiro papa na história que não é rei, nem coroa rei algum, somente enxerga escuridão, pecado e erro.

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